segunda-feira, 1 de março de 2010

Monólogo Medíocre 2 Ou Como Ser Cult

Ouça Oasis e leia Paulo Coelho. Diga que Wonderwall é sua música preferida e que não gosta de Radiohead porque eles são muito barulhentos. Use uma boina e óculos com a armação mais rídicula que encontrar na loja. Pague de rico porque bebeu Chivas fumando Lucky Strike na casa do seu amigo e porque tem um Wayfarer. Veja House e diga que ele é o cara mais foda do mundo, e diga também que Tim Burton é o melhor diretor de todos os tempos.

Diga que vai fazer faculdade de jornalismo e que nunca se deu bem com matemática. Diga que é diferente de todos e que não liga para que os outros pensam. Fale que você é uma pessoa muito eclética mas que não gosta de funk, pagode e outros ritmos brasileiros. Vista sempre roupas com listras, estampas que não querem dizer nada (mas sempre diga que significa alguma coisa), calça jeans colada e (principalmente) Allstar no pé. Caso alguém fale como seu tênis é feio crie uma discussão com o argumento da história do Allstar e o que ele significa hoje para os jovens.

Só assista MTV mas sempre fale mal dela e de como ela cria jovens alienados. Diga que não suporta esse sistema capitalista e que o melhor seria uma mistura do capitalismo e comunismo, só que sem corrupção.
Faça uma reserva de dinheiro para comprar um fusca e uma para comprar cigarro, mas nunca deixe a segunda sem dinheiro. Quando alguém perguntar porque você fuma diga que vai parar semana que vem.



um cara muito cult

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nem certo nem errado

Ele sabia que estava na hora. Não queria, mas tinha de ir. Não era certo nem errado, justo nem injusto. Apenas tinha de ser, não dependia dele.
Aproveitou cada instante de seu último momento naquele lugar e então, Luz.
Nasceu.
E enxergou tudo, sim. Amor, paixões, felicidades. Mas também viu tristezas: desilusões, desesperos, angústias. "Que Luz injusta!" - pensou - "Nos mostra o bom para ficarmos contentes e nos destroi exibindo o ruim. Quem iria querer uma Luz dessa?" e pôs-se a chorar.
Mas ainda não tinha visto tudo. Viu também o fim, que nada mais era que o começo: nem certo nem errado, nem justo nem injusto. Viu também um ser estranho o chamando e o puxando pelas mãos. Tinha grandes asas negras.
"Meu Deus! Como ela é linda!"

"Talvez não seja tão ruim, não é?"